O presidente da Associação do Ministério Público do Estado do Maranhão (AMPEM), Gilberto Camara, participou nesta quinta-feira (30),
do encerramento do Setembro Amarelo, campanha de prevenção ao suicídio e à automutilação. O trabalho é desenvolvido pela Rede do Bem, que representa os órgãos e as entidades que formam o Fórum Estadual de Prevenção da Automutilação e do Suicídio (Fepas/MA). O evento ocorreu no auditório da Procuradoria-Geral de Justiça e contou com a palestra e o lançamento do livro “Textos e fotografias reunidos”.
Na abertura, a promotora de justiça Cristiane Maia Lago, coordenadora da Rede do Bem e do CAOp Direitos Humanos do MPMA, agradeceu o apoio recebido da administração superior da instituição e dos órgãos parceiros para a publicação e realização da campanha. “Esse momento é muito importante para nós. É um livro que traz uma reunião de textos de integrantes do Fepas de diversas áreas profissionais. A nossa preocupação foi elaborar uma linguagem acessível em todos textos para que o livro alcance todas as escolas públicas do estado. A ideia é promover a prevenção à automutilação e ao suicídio de forma efetiva. A nossa luta deve ser diária e não poder se resumir ao Setembro Amarelo”, ressaltou.
Em seguida, o presidente Gilberto Camara enfatizou que o trabalho desenvolvido pela Rede do Bem é acompanhado pela AMPEM e deve ser tratado com muita atenção pelo MPMA. “Consideramos que são temas de altíssima relevância para todos nós. A pandemia trouxe o agravamento da saúde mental em todas as famílias e, fora isso, temos outros fatores que contribuem para que esse tema seja observado com muita atenção. Que a dra. Cristiane continue a sua luta e sempre terá na Associação uma parceria de todas as horas”.
O secretário de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedhipop), Francisco Gonçalves, que representou o governador Flávio Dino, ressaltou a necessidade de mudar, nos dias atuais, a máxima do Iluminismo de pensar o mundo somente pelo caminho da razão. “Não é possível pensar a formação e a relação das pessoas somente levando em conta a razão, porque não há decisão sem emoção e sem afeto. Nós vivemos uma crise dos sentimentos que atinge profundamente os mais jovens e que resulta numa tragédia mundial, que é o elevado número de pessoas cometendo suicídio e automutilação”, disse.
E completou: “Nós seres humanos somos bondosos. Entretanto, as nossas relações sociais nos brutalizam. Sem solidariedade, sem acolhida, não enfrentaremos essa tragédia. Questões afetivas e emocionais são problemas de todas as instituições”.
O procurador-geral de justiça, Eduardo Nicolau, saudou a todos e destacou o trabalho desenvolvido pelo Fórum Estadual de Prevenção da Automutilação e do Suicídio. “Só quero dizer a vocês que a Rede do Bem veio para melhorar a vida das pessoas, porque a pandemia comprometeu a saúde mental da população. Nós tivemos uma servidora vítima recentemente desse problema. Nesse dia em diante, eu me sensibilizei ainda mais e afirmo agora que tudo que a campanha fizer para salvar vidas, seja uma simples conversa, eu estarei presente, contribuindo”, concluiu.
Também compuseram a mesa de abertura a subprocuradora-geral para Assuntos Administrativos do MPMA, Regina Leite; o diretor das Promotorias de Justiça da Capital, promotor de justiça Esdras Liberalino; a vice-diretora da Escola Superior da Ordem dos Advogados do Brasil (Maranhão), Liliane Furtado, representado o presidente da OAB, Thiago Diaz; a chefe do Centro de Assistência e Promoção Social da Polícia Militar, Cristiane de Castro Luna e o superintendente do Ministério da Saúde no Maranhão, Antonio Banhos Neto.
Além de autoridades do MPMA, participaram da solenidade representantes da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Instituto Ruy Palhano, Estância Bela Vista, Hospital São Domingos, secretarias de Estado e do Município de São Luís, igrejas Católica, Adventista e Batista, entre outras. A cerimônia contou com a apresentação de números musicais do coral Vozes do MP.
PREVENÇÃO
Para encerrar a solenidade, a tenente-coronel da PM, Cristiane Luna, que tem formação em psicologia, proferiu a palestra “Prevenção ao suicídio: por que falar sobre isso?”. Logo no início, a palestrante afirmou que apesar de o mês de setembro ter sido o escolhido para a promoção da campanha de valorização da vida, o tema deve ser abordado em todo os meses do ano. “Nós precisamos falar sobre acolhimento, sobre sofrimento emocional, sobre pessoas que precisam de uma palavra de empatia. Quando a gente acolhe, a gente salva vidas. As instituições que fazem parte do Fórum tem como objetivo salvar vidas”.
Após apresentar o conceito de suicídio, elaborado pelo sociólogo francês Émile Durkheim, Cristiane Luna mostrou os dados da Organização Mundial de Saúde sobre o problema. No mundo, a cada 40 segundos, uma pessoa tira a própria vida. No Brasil, esse intervalo sobe para 45 minutos. “Esses dados devem nos chocar enquanto seres humanos. Enquanto seres que devem se colocar no lugar do outro e entender que vivemos em uma sociedade em que há pessoas adoecidas e em sofrimento, pessoas que não encontram sentido em sua própria vida e que, por isso, pensam em suicídio”, disse.
De acordo com a palestrante, uma pessoa quando pensa em suicídio não quer exatamente tirar a própria vida, mas acabar com o desespero, com a dor que está sentindo naquele momento, que é tão profunda, que ela vê na morte uma possibilidade de saída para aquele problema”, ressaltou.
Outros tópicos tratados pela psicóloga foram intenção suicida genuína, a importância de falar sobre o assunto, mitos e verdades sobre o assunto, sinais de alerta, fatores de risco e de proteção, como não agir e como ajudar.
FOTOS E TEXTOS
O livro, produzido pelo MPMA em parceria com o Fepas, reúne 15 textos educativos elaborados por profissionais de diversas áreas integrantes do Fórum e 30 fotografias de alunos de escolas públicas de todo o Maranhão, selecionadas entre mais de 400 pelo Concurso de Fotografia da Campanha Rede do Bem: estamos aqui para ajudar, realizado na programação do Setembro Amarelo do ano de 2020.
O objetivo do concurso foi promover a prevenção ao adoecimento psíquico por meio da temática da natureza. A publicação foi organizada por Cristiane Maia Lago.
*Com informações da CCOM-MPMA.
Fotos: CCOM-MPMA.



